quarta-feira, 8 de março de 2017

Engoli poesias à seco e caguei palavras duras.
O piloto do plano não quer a favela no avião.
A menos que seja pra privada de patrão.

Contra o eixo

A polícia não me representa
Os políticos não me representam
O ladrão, que as minhas custas se sustenta, também não me representa.

Há quem tente
Há quem tente privar minha mente da evolução
Há quem tente
Há quem tente mudar minha percepção

Difícil é segui nessa intensa escuridão
A incerteza é frequente.
No meio de agressões e arrastões, promessas e pistolas, celas e esmolas
Eu continuo.

Não vou partir em retirada
Porque a periferia me representa,
A arte me representa,
O olhar preocupado da minha mãe me representa.
E enquanto eu conseguir, eu vou seguir
E resistir.

PODER AO POVO!
É tanta aparência que ofusca a alma.
O desapego deságua pelos meus olhos
Suo tristeza pelos poros
Meu rosto perdido e louco,
Minha vontade insconstante e pouca
Enche meus olhos.
Des-amor.
Reciprocidade perdida pelo caminho
Esvaiu-se pelos ventos
Espíritos sedentos,
Noites mal dormidas...
 Podes não entender muito bem o que digo
Mas eu te digo: Eu fui perdida
Já não me sinto mais parte da sua vida.
Água
fonte da vida
preciosa finita.

Minha poesia pousa em todo lugar

Maria

Eu, mais uma maria, filha da nação
Servente de capacho pra limpar sapato de patrão
Mente pensante sem a devida valorização
É meus amigos... bem vindos à neoescravidão.
Me disseram que faço parte da grande massa
A preta, pobre e favelada.
Essa massacrada por fuzis de coturnos
Que interrompem o silêncio noturno ao som de balas
Comandadas por ternos e gravatas
Em nome do povo, em prol da massa.
A mesma massa que por eles é dizimada.

Eu, mais uma entre tantas marias
Ainda vida.
Superando estatísticas.
Levo sempre comigo o respeito, inteligência e sabedoria
E na favela, meus amigos, é Deus quem me guia.